Pois que ganhei coragem e fomos mesmo acampar com os miúdos. Era costume andar nestas andanças quando era solteira e boa rapariga, mas isto de acampar com crianças tem muito que se lhe diga. Ainda bem que escrevo este post já a algumas horas de distância do primeiro impacto ou acho que muita gente não se ia aventurar nestas loucuras. Confesso que, nas primeiras 24 horas, ia enlouquecendo e faltou muito pouco para arrumar as tralhas e vir tudo a reboque para casa.
Começou logo na viagem. A Rita não é uma menina fácil para andar de carro... A meio caminho já eu bufava e não sabia mais o que fazer para a entreter - conseguir que ela durma no carro é uma missão quase impossível e só o faz quando está mesmo mesmo de rastos. Estivemos quase a desistir de ir para Odeceixe e ficar logo por Porto Covo por causa dela.
Acabámos por almoçar em Porto Covo e demos uma vista de olhos pelos dois parques de campismo que lá há. Não me agradaram, sinceramente... Voltámos à estrada e eles acabaram por adormecer os dois. Passámos por um parque a seguir a Porto Covo que me ficou debaixo de olho, mas seguimos para o nosso destino: o
camping de São Miguel, em Odeceixe.
O parque é espectacular, tem excelentes condições, piscina, super-mercado, restaurante, parque infantil, boas sombras, boas casas de banho e cuidado com a limpeza. E fica a pouca distância de carro de montes de praias giras. Nós fomos à Praia de Odeceixe e à do Carvalhal - fiquei fã desta última. Num dos dias, em desespero de causa para que eles dormissem a sesta, fomos até Aljezur e alegrei as vistas só a olhar de longe para as praias que tanto gosto naquela zona - Monte Clérigo e Arrifana.
No dia em que chegámos o demo enfiou-se-lhes pelos corpos dentro e foi a loucura. Tentámos manter a rotina da noite, levei o IPad, viram o Ruca, lemos a história da noite, cantámos o Vitinho, aconchegámo-los e depois começou o fandango (agora, confesso, dá-me vontade de rir!). Juro que não sei como a tenda não caiu! Juro que eles estavam exaustos da viagem e do montar a tenda e tudo e tudo. Acreditei mesmo que eles iam adormecer bem e depressa - pois, pois! Pinotes, cambalhotas, cuzadas para aqui, empurrões para acolá, risota, guinchinhos histéricos e parvoeira com fartura. Eles partilham o quarto, mas nunca tinham partilhado a cama. Em desespero de causa, tive que me ir deitar no meio deles. Assim que perderam o "contacto" um com o outro, o João adormeceu numa fracção de segundo. A Rita demorou mais um pouco, mas lá adormeceu.
A alvorada foi às 7h15 - a mesma hora de casa - e o dia correu dentro da normalidade, com laivos de histerismo e loucura à mistura. Fomos à praia, passeámos, fomos à piscina e depois... fomos a banhos. Não sei para quê, já que 1 minuto depois da banhoca, mais coisa menos coisa, estavam os dois todos javardos, de cara, cabelo, mãos, pernas e pés pretas - literalmente. Acho que só as partes do corpo cobertas pela roupa ficavam mais ou menos limpinhas.
Depois de ter percebido e interiorizado que isto do campismo é mesmo assim e que não ia haver água, sabão ou dodot que me valesse lá consegui descontrair e aceitar vê-los na real javardice - e as unhas, senhores, as unhas!
Nos banhos, para ser mais prático e rápido íamos os 4 para os balneários dos homens para lhes dar banho - não vi pilinhas alheias. O papá dava-lhes o banho - duche - e eu secava-os e vestia-os. Rápido e eficaz.
O São Pedro podia ter sido mais amiguinho... as noites foram frias como o raio e os dias também podiam ter sido melhores - muito, muito vento! Mas deu para aproveitar e ver aqueles sorrisos branquinhos no meio das caras mascarradas valeu por tudo.
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Nem imaginam como dormi bem esta noite, mesmo com o percalço da cabeça partida... Minha rica cama! :)