O mais difícil não foi receber o diagnóstico. Foi pensar em cada um dos meus filhos enquanto assimilava as palavras: "tem um tumor maligno na tiróide". O mais difícil foi pensar que tinha que dar uma notícia destas aos meus pais... pelo telefone. E aos meus irmãos. E aos meus amigos. O mais difícil foi ir buscar os dois mais velhos ao jardim-de-infância com o mais novo debaixo do braço, enquanto fazia um esforço desumano para engolir as lágrimas e o medo. O meu momento de pânico e desespero chegou quando entrei com todos no carro. Caiu-me a ficha. Não percebia nada do que me estava a acontecer e tinha três filhos e o marido comigo no carro.
Tive um acompanhamento péssimo no hospital, no sentido em que ninguém me explicou que tipo de tumor era. Ninguém me falou em prognósticos. Ninguém me explicou os procedimentos. Nada de nada. Tive o meu momento e depois passei à acção. Se não está nas minhas mãos ter ou ao ter um tumor - é uma roleta russa -, está nas minhas mãos tentar fazer o melhor possível para perceber do assunto e, acima de tudo, procurar melhores médicos e pessoas para me acompanharem. E foi o que fiz.
Numa semana tive uma consulta de endocrinologia - sem contar com a hora que estive ao telefone com o médico enquanto ele, pacientemente, me explicava tintim por tintim tudo sobre este tipo de cancro - tive duas consultas de cirurgia endócrina, fiz análises e RX, fiz um TAC ao pescoço - que mostrou que, felizmente, tudo à volta está limpinho; já tenho a cirurgia programada para a primeira semana de Setembro e a consulta de anestesia marcada.
E é isto. Para mim o pior já passou. Daqui para a frente, será tudo em bom!