Post escrito em 21/10/2012
Depois de (mais um) aborto espontâneo em finais de Agosto, desta vez às 6 semanas de gestação e com uma gravidez planeada, viemos para casa abananados e desmotivados. A minha obstectra não disfarçou o olhar de preocupação: mesmo não tendo sido seguidos, já são 3 na nossa conta, em 5 gravidezes. Disse-me que, para já, não podia fazer nada em termos médicos/hospitalares, mas, se quisessemos continuar a tentar, para tomar o Cartia. Assim fiz.
Dia 12/09 tinha ido ter com ela ao hospital e tinha o útero limpo e, aparentemente, estava a ovular. Vim para casa e andámos uns dias sem pensar no assunto. Voltámos à nossa rotina (leia-se vida sexual) passados alguns dias e fiquei pacientemente à espera do período.
Passaram 5 semanas desde o aborto e comecei a ficar ansiosa. Fui sempre certinha, até depois dos abortos o meu ciclo regularizava pelos 28/29 dias. Tinha dores nas mamas e pensei que estivesse para chegar a qualquer momento. Nem me passou pela cabeça fazer um teste. Passou outra semana e as mamas cada vez me doíam mais. Comecei a acordar de noite com fome. Passou-me pela cabeça que talvez estivesse grávida outra vez, mas as coisas chegam a um ponto em que questionamos tudo, principalmente a nossa sanidade mental. Pensei que fosse tudo dos nervos e continuei a não fazer teste algum. Até ao dia em que o marido achou que era boa ideia não esperar mais. Mega-positivo. Disse-lhe que não podia ser. Que ainda deviam ser hormonas da gravidez anterior e que era um disparate engravidar logo a seguir a um aborto sem ter feito ao menos um ciclo de intervalo.
Entretanto, começaram os enjoos a doer. Acabaram-se as dúvidas. Já nem sabia se havia de me rir ou de chorar. Marquei consulta na médica de família e contei-lhe a história toda. Pelas contas dela, devo estar grávida de 7 semanas. Pediu-me para falar com a minha ginecologista (o que farei amanhã) que ela está de serviço no hospital na quarta-feira (24/10). Assim que tiver a confirmação pela ecografia pediu-me para lhe telefonar para marcarmos consulta de saúde materna, mas passou-me logo a isenção.
E andamos assim. Já disse ao George que se não for desta, desistimos do terceiro filho. Podem chamar-lhe o que quiserem, selecção natural, a natureza a fazer o seu trabalho, bla bla bla, mas para mim já são 3 filhos que se perdem. E o segundo, principalmente, ainda me faz doer tudo por dentro. Acho que só mesmo quem passa por elas é que sabe o que digo e o que sinto. Tenho medo de ficar entusiasmada. Tenho medo de me sentir feliz. Tenho medo das expectativas. Tenho pavor da eco das 12 semanas.