Fomos esta manhã à MAC fazer a BVC (biopsia das vilosidades coriónicas). Foi um exame um pouco doloroso, mas o pior de tudo foi termos visto o nosso bebé todo formado, as perninhas, os braços, os pés, as mãos, a cabeça, tudo, mas sem vida, sem o pequeno coração a bater. A esta imagem tínhamos sido poupados até hoje e foi um enorme murro no estômago.
Depois deste exame, perguntei à médica como é que faríamos com o bebé (perdi a conta às vezes que já ouvi "não é um bebé, é um feto" e às vezes que pensei e algumas que respondi "para uma mãe é sempre um bebé"; também perdi a conta às vezes a que se referiam ao bebé como "FM" - feto morto; A falta de humanidade, respeito e sensibilidade para as situações de perda gestacional são assustadoras e davam pano para mangas...), que está sem vida dentro de mim quase há uma semana. A médica disse que o normal seria darem-me um comprimido e mandarem-me para casa, sendo posteriormente internada na MAC na quarta-feira onde ficaria pelo menos uma noite, para ver se se dava a expulsão (ou esvaziamento) de forma natural.
Sinceramente, não gostei nada do atendimento e da postura que tiveram connosco. O único interesse deles em que o bebé fosse "expulso" lá, e eles deixaram isso bem claro, uma vez que não é a minha área de residência e "trabalho não lhes falta", seria para depois o poderem esmiuçar e analisar a seu belo prazer. Ponderámos os prós e os contras e acabei por telefonar à minha médica que me disse que eles (na MAC) já tinham o suficiente para fazer o estudo genético com a colheita que fizeram da placenta e para ir ter com ela amanhã, às 9h, ao hospital para darmos início ao processo de expulsão (não sei como hei-de escrever isto... não é um parto, é certo, mas também não será uma mera "limpeza" ou "esvaziamento"...).
Fiquei aliviada por saber que vou para o sítio onde tenho sido sempre muito bem tratada, onde nasceram os meus filhos, onde, pelo menos, me sinto em casa - e estou mais perto de casa - e onde tenho tido sempre um acompanhamento profissional e competente, mas humano e afectuoso, de uma médica que sabe muito bem aquilo que estou a passar.
Estou triste, mas mais conformada... ao mesmo tempo que não vejo a hora de poder recomeçar a minha (nossa) vida do zero.
Brownie na caneca
Há 3 anos