Lá vamos nós ao assunto polémico :o)
Aviso já que - depois da experiência traumática e dolorosa que tive com o João - não sou nenhuma
freak da maminha. Isto é, se der... deu, se não ser... paciência! E foi com este espírito que parti para o segundo round da coisa.
Logo após o nascimento da Rita, colocaram-na na mamoca. A miúda estava bem acordada e deu umas valentes chuchadelas - lá se vão as teorias da conspiração que alertavam para o facto de "as meninas serem mais preguiçosas para mamar do que os meninos"; se assim fosse, tínhamos uma crise de identidade cá em casa. A Rita pegou logo muito bem na mama. O problema surgiu no dia seguinte, quando me apercebi de que ela não é como o irmão - que mamava a dormir. Não... ela, pura e simplesmente não acordava quando eu queria que ela mamasse - de 3 em 3 horas. E, por causa disso, seguiram-se toda a espécie de torturas e manobras de "como despertar um bebé que se está marimbando para comer e quer é dormir em paz e sossego, sff!", levadas a cabo pelas enfermeiras que, desesperadas, tentavam ajudar-me a acordá-la. Não, não é exagero... desde despi-la toda, a molhar-lhe os pés e a cara com água fria, a darem-lhe espécies de beliscões, a porem-me aero om na mama... tudo foi tentado. Mas a Rita queria mesmo era dormir.
Começou aí a saga " mas como raio vou alimentar a cachopa de 3 em 3 horas se ela não acorda?" Resultado: o leite não subia e na segunda noite a Rita abriu a goela com fome e eu não tinha pinga de leite ou de colostro para lhe pôr na boca. Vai de tocar à campaínha e "venha de lá o suplemento para a bebé que ela tem fome". Tive a sorte de não ter apanhado nessa noite uma enfermeira obcecada com a mama e lá veio o biberão para a Ritinha - que o bebeu de um trago e ferrou a dormir outra vez. E acho que foi nesse momento que caí em mim. Respirei fundo e pensei com os meus botões: que se lixem as teorias e os palpites... A miúda há-de comer quando tiver fome. Estava a ser tortura para mim e para ela, cheguei a passar 1h30 para a acordar e chorava porque ela não acordava... ora, mais valia que ela tivesse dormido descansada mais essa hora e meia - e eu também - e que depois tivesse acordado naturalmente para mamar - digo eu!
Felizmente o leite lá subiu e nunca mais voltámos a recorrer ao suplemento - mas a lata está comprada e guardada no armário,
just in case. Viemos para casa e ela continuou a mostrar preferência por dormir e não havia nada que a acordasse... E quando abria a pestana dava-me duas ou 3 trincadelas no mamilo e ferrava a dormir...
Na primeira consulta com a pediatra lá ouvi o blablabla de no primeiro mês tem que mamar de 3 em 3 horas. E ontem ouvi mais do mesmo e além disso "tem que fazer intervalos minímos de 2 horas". Pois, está bem. E também já tive que gramar com os típicos comentários - conto sempre até 10 para não responder torto - do "vê lá se o teu leite é bom para a menina". Oh minha gente! Todas pessoas bem informadas sabem que o leite materno é o melhor que há para os nossos bebés. Ponto. Eu escolhi amamentar, mas só o farei se não se transformar na tortura que foi a amamentação do João. Ponto. E sim, também acho que é melhor o suplemento do que ter os bebés a passar fomeca. Ponto. E também sei as teorias todas da vinculação mãe/filho e não me parece sejamos melhores ou piores mães por dar mama ou biberão. Ponto. Não sou fundamentalista, mas sou comodista e, convenhamos que, dar mama é muito mais prático - há dúvidas?! (
É um assunto que mexe mesmo comigo...)
Os dias foram passando e a Rita começou a ter mais períodos acordada e a mamar regularmente - chama-se a isto dar tempo ao tempo! Mama muito e muito bem durante o dia. Mama quando lhe apetece e tenho as mamas sempre abastecidas de leitinho, até já deu para congelar algum - do que não me caiu nos pés e na roupa ;o) Nas primeiras noites em casa ainda insisti e tentei, em vão, acordá-la para mamar - aqui já tinha chegado a "psicose do peso". Depois de conversar com uma amiga sobre o assunto (obrigada Meggy ;o)) fiquei a saber que a miúda dela nasceu com o peso inferior ao da Rita e o pediatra nunca a mandou acordar a bebé de 3 em 3 horas para coisa nenhuma. Mais uma vez, cada cabeça sua sentença. Fiquei a matutar e deixei falar o meu instinto... acorda quando tiver fome. Sei que as coisas se foram organizando de uma forma em que a Rita mama quase sempre entre a meia-noite e a 1h da manhã e é muito raro acordar antes 4h30/5h da madrugada. E depois acorda entre as 8 e as 8h30 e vai atestando a barriguinha até à noite. E mama muito bem, e não tem tido cólicas e já não a torturamos para acordar... E tem aumentado de peso...
Faço, portanto, um balanço positivo da amamentação da Rita. Os mamilos já gretaram e já me doeram muito - agora doem "assim-assim" quando ela pega a depois deixam de doer. O que foi massacrado na maternidade na altura do João continua, naturalmente, dorido - porque nunca deixou de me doer. Mas não são dores insuportáveis... são os ossos do ofício :o)
...
Ah, e só para esclarecer, salvo uma única excepção - tem que haver sempre uma ovelha ranhosa -, só tenho a dizer bem e a agradecer a todas as enfermeiras da maternidade das Caldas. Foram incansáveis, sensíveis e muito profissionais perante as dificuldades que enfrentámos nos primeiros dias.